A Semiótica

“A semiótica serve para analisar as relações entre uma coisa e seu significado.”

Semiótica é a ciência geral dos signos, estudando todos os acontecimentos e linguagens culturais como fenômenos produtores de significado, ou seja, sistemas sígnicos (ou sistemas de significação). Ela lida com os conceitos, as idéias, e estuda como estes mecanismos de significação se processam natural e culturalmente.

Esta esfera do conhecimento existe há um longo tempo e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Seu objeto de estudo é qualquer sistema sígnico, como por exemplo: artes visuais, música, fotografia, cinema, culinária, vestuário, gestos, religião, ciência, etc.

A semiótica teve a sua origem na Grécia Antiga, na mesma época que a filosofia, entretanto, somente no início do século XX com os trabalhos paralelos de Ferdinand de Saussure (na França, com a Semiologia) e Charles Sanders Peirce (nos Estados Unidos, com a Semiótica), é que o estudo geral dos signos começa a adquirir autonomia e o status de ciência.

Charles Sanders Peirce
Os conceitos estudados e desenvolvidos por Peirce foram levados a uma abstração quase extrema, podendo ser aplicados à qualquer tipo de signo, seja verbal ou não-verbal (incluindo aqui o visual). Segundo este autor, tudo que está à nossa volta e que se apresenta para nosso conhecimento, exigindo de nós a constatação de sua existência, é percebido pela consciência aos poucos, em três etapas. São elas:

Primeiridade – É a sensação ou impressão imediata ao se deparar com uma experiência, nada de definição ou de análise. É a pura e simples sensação. Nessa medida, a primeiridade é presente e imediata, é inicialmente original, espontânea e livre.
Secundidade – O segundo atributo é a percepção da experiência, ou seja, a secundidade ocorre no momento em que a mente se dá conta da experiência em si; é a reação da mente à experiência.
Terceiridade – O momento no qual a mente mais se prolonga. Aqui, a mente já analisou a experiência e já está tirando conclusões sobre ela. Neste âmbito se realiza a elaboração intelectual, a junção dos dois primeiros aspectos às nossas vivências. A terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Ou seja, o indivíduo conecta a sua nova experiência as suas experiências anteriores de vida.

Exemplo:

O que você está sentindo primeiro ao ver a trufa?
Provavelmente a impressão imediata ao se deparar com esta experiência esteja relacionada com a cor, a textura, a apresentação. A primeiridade é isso, é pura e simples sensação.




Observe novamente a trufa.
Neste momento você definiu na mente que a trufa é uma foto, então, a secundidade ocorre no momento em que a mente se dá conta da experiência em si, é a reação da mente à experiência, e esta etapa se dá quase imediatamente ao momento da aparição da experiência na mente.



Observe novamente a trufa.
Sua mente já sabe que a foto mostra uma deliciosa trufa e vai buscar referências em experiências anteriores para lhe trazer mais conclusões a respeito da trufa, o sabor, onde comprar, quantas você comprou na última vez em que comprou, etc. Esta é a terceiridade.


Peirce também identifica três tipos de signos:
O ícone é a coisa, o objeto, o ser, representado por uma cópia similar ou não similar a ele. Por exemplo: a fotografia (cópia similar) do Monte Fuji, ou uma réplica em miniatura do monte.
O índice da coisa, do objeto, do ser, é o que os representa de forma mais "íntima" ou aproximada. Por exemplo: O cheiro de churrasco é índice de que estão assando carne. A fumaça é índice de fogo. 
O símbolo é todo o signo que fora convencionado. É uma convenção típica como, por exemplo: letras, palavras, o polegar erguido como sinal de positivo, ou ainda a bandeira branca indicando paz.

Ferdinand de Saussure
Os estudos de Saussure, divulgados no Curso de Linguística Geral, diferentemente dos de Peirce, não confundem o universo da simbolização e o da vida real. Segundo Saussure, os signos, inerentes ao mundo da representação, são constituídos por um Significado (esfera mental, o conceito, o que ele é) e um Significante (esfera material, forma, sonoridade). Sua Semiologia é bem mais voltada para os estudos da linguagem verbal e articulada, e foram justamente as elaborações teóricas de Saussure que propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência.

Texto compilado por Paula Fraga

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